Advogado manda cliente mentir na frente de policiais
Tiago Brandão/Comércio da Franca
OS ACUSADOS - Apontado como autor dos disparos, Tiago Ribeiro confessou o crime informalmente e mudou de versão ao ser orientado por advogado
O esclarecimento do assassinato revelou o que muitos advogados são capazes de fazer para livrar a pele de seus clientes. Ranieri Soares foi o primeiro a prestar depoimento à polícia. Acompanhado de uma advogada, disse que a intenção da dupla era apenas roubar. “Eu peguei a carteira e o celular do rapaz dentro do veículo. No momento que virei as costas, o Tiago efetuou os disparos. Ele me falou que o rapaz tentou reagir, mas, em momento algum, vi isto”.
Enquanto Ranieri era ouvido, Tiago comeu espetinhos de carne pagos por investigadores e recusou esfihas do Habib’s. “Obrigado, senhor, estou satisfeito”. Algemado, sentou-se no sofá de espera. Enquanto fumava e bocejava, fez revelações à reportagem do Comércio.
Disse que é amasiado e pai de uma criança de 3 anos. Alegou que a confissão serviria para tirar um peso de suas costas e aliviá-lo. “Estou sentido. Não queria matar. Se a intenção fosse esta, teria atirado no menino. Aconteceu que o rapaz fez um gesto como se fosse colocar a mão no bolso. Daí, atirei nele”.
Minutos depois, seu advogado, Antônio César Souza, chegou à delegacia e se reuniu a portas fechadas com o cliente. Ao saírem, Tiago se virou para os policiais e informou que havia sido orientado a negar qualquer participação no crime. O delegado Márcio Murari se surpreendeu. “Mas, como? Você já contou tudo!”
Tiago voltou a falar publicamente que não queria matar e que se assustou com a reação do comerciante. “Tanto faz, agora, se você tinha intenção ou não”, rebateu o advogado. O delegado tentou convencê-lo a admitir o crime. “Quem confessa, tem atenuante”.
NA DEFENSIVA - Ranieri Soares incriminou o comparsa e alegou que pretendiam apenas roubar
Tiago ficou em dúvida e pediu ajuda ao advogado. “O que é melhor doutor?”
Sem se importar com a presença de quase uma dezena de policiais e de dois jornalistas do Comércio, Antônio César orientou o cliente a mentir para escapar de uma pesada condenação. “Se você confessar, cê tá fu... (sic)”. Perdido, Tiago voltou a perguntar para o advogado qual a melhor decisão a tomar. “Você vai prestar um depoimento e vai negar. Se confessar aqui, lá embaixo (no Fórum) não tem o que fazer mais. Se juntar a confissão e as provas que vocês (policiais) alegam que têm, um abraço”.
O diálogo durou cerca de cinco minutos e foi gravado pelo Comércio. Instantes depois, Tiago entrou na sala para prestar o depoimento formal. Fez como o advogado mandou. “Eu não estava no local e vocês (policiais) estão enganados”.
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